Você! Bunda ambulante ou Feminsista falante!?
Gabriela Franklin Laurindo
Aê! Sabia que Bunda não pensa?
Mas é a preferência nacional, diz a imprensa.
E ainda tenho pretensão de ser valorizada
Por essa nação com parte da juventude transviada.
Para os racistas, não passo de uma cidadã de cor, a afrobrasileira
Que adora aparecer como inteligente e guerreira;
Para a mídia, sou a mulata sensual.
É ela que associa os pecados da carne ao Carnaval;
Para os babões no cio, sou muito gostosona.
E olha que nunca provaram, não sou mulher da zona!
Nem toda brasileira é bunda.
Por isso, meliante, não me confunda!
E para você que também me vê como uma bunda ambulante,
Saiba que sou uma feminista falante!
Só porque sou simpática e sorridente?
Ser cordial e eternamente consciente
Faz parte da minha boa educação.
Então, ô, Zé Bunda, não confunda cu com bunda, não!
“Ordem e Progresso”!?
Ah, quanto a isso eu protesto!
Para desordem e regresso,
Qual seria o processo?
(“O tráfico de mulheres gera receitas anuais de US$ 32 bilhões no mundo todo, e 85% desse dinheiro vem da exploração sexual, que só na América Latina e no Caribe fez 100.000 vítimas em 2006”)
As violências aos corpos femininos iniciam-se com o olhar,
Que maldosos ou omissos, um dia pelo crime hão de pagar.
Abaixo ao machismo, racismo, sexismo e qualquer outro –ismo
Que possa levar um ser humano ao abismo.
Abaixo à ditadura da beleza, magreza e qualquer outra proeza
Que faça o espírito agonizar-se em pobreza.
E para você, Mulher, que também se cansou deste tormento,
Faça valer sua auto-estima e quebre esses machistas no argumento!
Ah! Aos babões, à mídia, racistas, a quem quiser ouvir:
_Sou mulher negra linda e me chamo Gabi.