Infelizmente, depois de tantos meses desde que o sr Macleyves escreveu um dos textos mais racistas já postados em blogs na Região dos Lagos, setores que ganham verba pública para lutar pela igualdade racial sequer repudiaram ou exigiram uma retratação por parte do diretor do Teatro Municipal de Cabo Frio (um cargo sem concurso público).
Existem até atalaias da luta na região que simplesmente alegaram que o racismo do texto do psicopedagogo depende do ponto de vista.
Ironicamente, há até os que aplaudiram o psicopedagogo no lançamento do jornal AfroLagos (dirigido pela advogada e diretora da SUPIR de Cabo Frio, sra Margareth) enfatizando a importância de Maclyeves para a luta (?).
O negro do ponto de vista da elite emburrecida
A elite emburrecida no Brasil sempre viu os negros como seres inferiores. Dependendo do nível de interação social com a elite, eles eram até aceitos, mas como escravos, capitães-do-mato ou empregados dentro das casas das famílias tradicionais e raramente inseridos pelos ritos tradicionais de união familiar. Como o casamento, por exemplo.
Esta mesma elite emburrecida até hoje faz manutenção dessa visão de inferioridade para com os negros em vários momentos do cotidiano da sociedade. Os famosos elevadores de serviço que mostram que quanto maior o poder financeiro investido em um prédio (ou em pessoas), maior a "exigência" de elevadores separando empresários e empregados. Ou seja, uma classe média e uma elite que não aceita dividir o mesmo espaço com pessoas de condição financeira inferior.
Outro exemplo terrível é a forma de tratamento de patrões/patroas com empregadas domésticas. Tal tratamento faz uma releitura dos dias da escravidão. Dias em que a relação afetiva entre o patrão/patroa com a escrava dependia da idade e do grau de beleza. Este tratamento análogo a escravidão pode ser relembrado nas vestimentas das empregadas (principalmente na TV), com roupas diferenciadas padronizadas, nas liberdades cerceadas tanto de espaço físico quanto de expressão no meio familiar, na forma em que se dirige ao patrão, com as mãos para baixo, cabeça baixa, voz mansa e corpo erguido.
A elite do ponto de vista dos negros que deveriam lutar pela igualdade racial
A medida em que se aproxima o momento eleitoral, os expoentes que deveriam lutar pela igualdade racial (e que ganham verba pública para isso) vão agindo e deixando de agir de acordo com a conveniência eleitoral que se aproxima. Neste triste contexto, a discussão sobre igualdade racial só existe para servir de figurino diante dos "flashes" de eventos glamurosos, com artistas ex-famosos, muita pompa e pouca massa.
O temor de alguns de atrapalhar as conveniências e acordos faz a luta pela proteção e afirmação da negritude ficar atada, acuada, amordaçada e rendida. Tudo, como sempre, continua girando em torno das mesmas figuras descredibilitadas e que, devido aos seus acordos e talento promiscuo, conseguem permanescer representativas de uma massa esquecida.
Há até mesmo as frentes de debates, que também comandadas por figurinhas carimbadas, surgem como "frentes frias" de forma repentina e que tem por principal objetivo nublar e fazer temporal dentro do verão quente das negociações do grupo de maior representatividade diante dos prefeitáveis (coincidentemente donos de empreiteiras e supermercados).
Os dois pontos de vista do racismo.
Para a elite, jovens brincarem com a imagem do negro em público é só força de expressão ou coisa de fase da vida. Para o negro, que se sente ofendido, um ato passívo de ação judicial que penalize o idealizador e o espaço que ajudou a promover o racismo.
Para a elite, entrar na internet e ler um psicopedagogo teatrólogo dizer que mulheres negras são racistas porque alisam os cabelos e fazerem plástica é uma costatação verídica. Ou até mesmo o teatrólogo dizer que os homens negros são racistas e só querem crescer na vida virando jogadores de futebol para "pegarem" as loiras. Para a elite é algo que deve ser visto com seriedade. Para o negro que trabalha mais de quarenta horas semanais (e não trabalham para a prefeitura ocupando cargo sem concurso público), pegam ônibus (caros) diariamente lotados, recebem salário mínimo para sustentar a família, esse tipo de afirmação de um cargo comissionado é uma ofença racista e que deve ser punida com rigor.
E para os que deveriam "policiar" a sociedade e prover uma convivência racial adequada, qual é o ponto de vista?
O uso da frase "DEPENDE DO PONTO DE VISTA" é uma das mais brilhantes saídas para quem não tem o menor interesse de representar qualquer luta por igualdade racial ou simplesmente permitir que tal luta aconteça. Tal frase coloca em um relativismo quase que patético os problemas sociais que só eleva as desigualdades sociais em nosso meio.
Um relativismo que, além de não resolver nenhum problema, não propôe qualquer debate sobre a problemática do racismo publicitado e de brinde injessa qualquer possibilidade de novo protagonismo dentro da questão.
No caso da Região dos Lagos, o racismo depende do ponto de vista de quem e do que interessa aos que ganham para lutar pela igualdade racial. Enquanto estes relativisam o racismo como bem lhes convêm, a região vai sendo marcada pelo constante uso de mão de obra escrava por parte de empreiteiras e supermercados (que conferiu a Cabo Frio o segundo lugar no Estado em incidência de trabalho escravo).
Os inúmeros casos de pedofilia vitimando crianças negras na Região passam esquecidos por estes grupos e pela imprensa. Nos bairros mais pobres há casos de crianças sendo aliciadas sexualmente por políticos e empresários pelos valores de R$5 a R$20 e as famílias temem reagir.
Alguém vai sair em defesa dessas crianças negras vítimas de pedofilia ou vai depender do ponto de vista?
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