O cenário Dancehall e Raggamuffin no Brasil ainda é FAKE

Um amigo me passou um clipe de um cantor de raggamuffin brazuca que me deu enjoou. Acompanho a cena desde 1997 e de lá para cá já vi de tudo. Mas, os pseudo cantores de raggamuffin brazucas são muito cômicos.

Desculpem a franqueza. Mas, é uma mistura de "seqüela", rimas mal feitas e letras sem sentidos que acabam por poluir o cenário, ao invés de agregar valor cultural.

Não que estes artistas não tenham talento. Mas, só o talento não é o bastante para representar uma cultura, pois a Jamaica está inundada de cultura e laços de identidade acumuladas por durante décadas.

Acha fácil "imitar" a cultura de um país que é o maior exportador de identidade negra mundial?

Não basta simplesmente fumar e sair dando pulinhos feito carneirinhos para parecer um cantor de raggae, isso não te dá identidade, no máximo te faz um palhaço, um FAKE, uma cópia caricata do original. Não basta ter dreadlocks e sair rimando feito um tarado.

É preciso ter algo que diferencie você. É preciso pesquisar e ir a fundo no estilo musical para entender, não só como se constrói a música, mas seu contexto histórico no cenário musical.

A cena artística brasileira é marcada pelo amálgama de estilos e ritmos, cuja arte se forma como uma colcha de retalhos que dá origem à um tecido novo e único. Nela temos reis reconhecidos no mundo todo como: Jorge Ben, Jackson do Pandeiro, etc. Artistas que revolucionaram a forma do Brasil ouvir e produzir música.

Imagina o que seria de Chico Science e Nação Zumbi se estes se limitassem a imitar o DUB da Jamaica sem misturar à musicalidade do Recife e a guitarra distorcida?

Imagina o que seria do funk carioca sem a mistura de elementos comuns no dia a dia do povão, como as gírias e o jeito malandreado de cantar originado da malandragem do samba e das maltas?

Se quer ter alguma identidade e guardar sua influência musical africana, procure misturar-se ao que há de belo na cultura ao seu redor. Não seja um FAKE.