O capitalismo sempre cria formas de etiquetar os indivíduos mais vulneráveis para manutenção dos interesses dos que detém o Controle Social.
Quando um indivíduo se torna "mal pagador" e não ascende no meio financeiro, sua "ficha corrida" no banco (mundo dos negócios) o perseguirá até o momento em que movimentar enorme quantia de dinheiro, não importa a origem. Ao ascender o mundo dos "endinheirados", passará a vivenciar a relação de poder entre os que detém o Controle Social.
A mesma lógica se aplica no sistema penal caso o indivíduo cometa um delito e vá preso. De "desviante" passa a ser etiquetado por "delinqüente". Mesmo cumprindo o período de detenção, este passa a ser monitorado e enquadrado com a "ficha corrida" de antecedentes criminais. É como se não bastasse o cumprimento de suas "dívidas" junto ao sistema penal. Mesmo livre, o indivíduo continua "acorrentado a bola de ferro" do sistema prisional que faz com que sofra todo o preconceito e exclusão social no sistema capitalista.
Que logicamente visa delinqüi-lo no processo de seleção ao interesse de quem detém ou faz parte dessa hegemonia da classe dominante. Porém, sua ficha corrida se torna praticamente nula se este também ascender ao mundo dos negócios e movimentar enormes quantias em banco, como fazem os grandes banqueiros se enriquecem lavando dinheiro do narco tráfico.
Nesse contexto, para que serve o sistema penal senão para filtrar os indivíduos como aptos ou não para servirem aos interesses de quem detém o capital?
Imaginemos que a relação de poder entre os que aplicam a lei (Magistrados) e os que recebem as medidas punitivas da mesma lei (pobres) se invertesse. Teríamos centenas de magistrados "pobretões" da noite para o dia em um utópico revezamento da hegemonia do Controle Social com os pobres. Ocorreria uma série de prisões e etiquetamentos de magistrados para contribuir na manutenção da hegemonia dominante. Como diz a ex-senadora do PT Heloísa Helena, teríamos uma vasta ficha corrida criminal dos "delinqüentes de luxo".
Mas, essa realidade está mesmo longe de ser vista. Como podemos constatar no caso da reintegração de posse de Pinheirinho em favor de Naji Nahas. O famoso contraventor, mesmo devendo 10 milhões em IPTU para a prefeitura de São José dos Campos, com a falida SELECTA SA, teve todo a aparato do poder público municipal, do Governo do Estado e do Tribunal de Justiça de São Paulo em seu favor.
Mesmo sendo um "delinqüente de luxo", teve facilmente a garantia da reintegração de posse do terreno que por lei pertence a União e deveria ser destinado ao programa de moradia em favor dos moradores que foram expulsos pela Tropa de Choque.
A necessidade do sistema (os que detém o Controle Social) em favorecer o contraventor Naji Nahas foi tão latente que levou o desembargador Rodrigo Capez (Presidente do TJE de São Paulo) a quebrar o Pacto Federativo desobedecendo a ordem de anulação da reintegração de posse do TRF.
Neste contexto sombrio em que se encontra a justiça, de nada vale a promulgação de leis e todo aparato do Estado Brasileiro, a independência do Legislativo, executivo e do judiciário se você vale o que tem no banco e não o que deve na praça.
Visualizações de Página
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens populares
-
A Faixa de Gazah onde cresci Fui morar no bairro Porto do Carro aos dois anos de idade. A família por parte de minha mãe, os "PORTO&quo...
-
Brasília - O ato de grafitar não é mais crime. A medida foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada nesta quinta-feira no Diá...
-
Não vamos para rua com a direita! Recentemente temos observado posicionamentos favoráveis de integrantes da cultura Hip Hop ao mov...
-
Tramitam no Congresso dois Projetos de Leis ( 3/2011 e 6756/2013) que pretendem declarar o Hip Hop como “manifestação de cultu...
-
"A arte sem ter o poder da reflexão, se torna vazia de sentido." Uma trilha para refletirmos um contexto em que as Faixas de...
-
Estamos nas vésperas do Dia Mundial do Rock’ n’ Roll, que é comemorado em 13 de julho. Por tudo que o rock e o Hip-Hop representaram...
-
Clovis Bate-bola é um ativista ligado a movimentos sociais, políticos e artísticos no interior do Estado do Rio de Janeiro. Morador d...
-
Apesar do apelo da presidenta Dilma para que se procure dar maior visibilidade à Rede de Educação Cidadã (para que isso se reverta m...
-
Iniciando a proposta de lançamento dos EPs que falam sobre Desobediência Civil, hoje se apresenta o "Desobediência Civil (Compacto...
-
Fonte: Bloco do Clovis 28/04/09 "Morando na Faixa de Gaza, como chamamos Porto do Carro atualmente, vivemos um clima de medo e ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário